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domingo, 17 de abril de 2011

Exposição SP




Desde a infância as suas memórias são banhadas pelas águas do rio São Francisco. Seu pai viva pescando por aquelas "bandas". Sua volta era sempre uma festa quando ele trazia surubins gigantes, lendas e casos do mágico universo ribeirinho. Eram histórias e estórias, cultura, música, gente e bicho em cada ponto trazido de lá. Sonhos do Mineiro eram povoados por caboclos d'água, uiaras, tutumarambás, serperntes do rio... Ronaldo já tinha certeza de que o São Francisco é mais que um rio.



 Em 2008, satisfazendo antigo desejo, o estilista escolheu o "velho Chico" como objeto de pesquisa para a coleção de verão de 2009. Seria uma desculpa para ir de encontro a um universo que ele já conhecia das histórias e da literatura. 


Pirapora, carrancas, gaiolas a vapor, Bom Jesus da Lapa, Piranhas e lajedo, Petrolina e Juazeiro... Palavras que seu imaginário, chegavam como um afago, agora se tornaram mundo real. "Por três meses viajei e me embebi das águas e da cultura do rio.

Chico morre no mar, peixes garrafa pet
A coleção foi coloridos com as cores barranqueiras, com os pontos e bordados característicos do universo às margens do rio, com as imagens das texturas das sacas de café e tábuas de madeira de Lei que remendam os barcos e a alma ribeirinha... 


Gosto que o Chico tem,nas paredes peixes em vias de extinção

Roupas feitas em latas de concerva!

Lançada a coleção, na sequência, a desfilarmos no Chile e no México e o universo gráfico da mesma foi exposto no Mot, Museu de Arte Contemporânea de Tóquio. Outras coleções vieram, mas como dito pelos ribeirinhos "uma vês que se bebe da água do rio, o rio nunca mais sai da gente". Passados dois anos, realizaram outro projeto: transportar parte da magia do São Francisco para a exposição itinerante que circulará em pelo menos doze cidades do Brasil. 


O rio tece e veste













Nesse ambiente a memória das bordadeiras, oficío muito presente nas cidades ribeirinhas, principalmente na região de Pirapora (MG), recebe homenagem por meio de uma grande parede simulando os bastidores de bordados.
Roupas criadas pelo estilista que ilustram a alma do rio

É um diálogo entre a narrativa de moda do estilista e a rica cultura do rio que mais desperta afeto entre os brasileiros. "As "águas" do São francisco não cabem em uma só coleção de moda, em um só livro e muito menos em uma única exposição, portanto essa não é uma mostra de acervo. 


O Chico e o caixeiro viajante


São instalações costuradas entre a moda e a cultura ribeirinha. Caminharemos por um convés imaginário, como o do vapor Benjamim Guimarães, observando o universo gráfico dos mercados populares, das carrancas e da arte popular; as histórias de amor de idas e vindas dos caixeiros viajantes; as cidades submersas pelo progresso desenvolvimentista... Tudo numa vasta ciranda amorosa em torno do "velho Chico". Sábias palavras de Ronaldo Fraga.


Ronaldo Fraga

 E assim não me resta mais escrever muito sobre essa grande obra de um artista contador de histórias da nossa cultura brasileira. 
Fui à abertura para imprensa e convidados e tive o prazer de agradecer Ronaldo pelas ricas histórias sempre contadas através de seu trabalho.
A mostra conta com 10 ambientes, com vídeos, fotos e peças interativas. Em um deles, o ator Wagner Moura conta sobre cidades alagadas para a construção de hidrelétricas. Em outro, para compor o ambiente Lendas do rio, que mostra vestidos musicais, a cantora Maria Bethânia declama, em vídeo, Águas e Mágoas do Rio São Francisco, poema de Carlos Drummond de Andrade.

Roupas que falam e podem ser abraçadas para ouvir

a voz do rio, representada por
Maria Bethânia que declama poema!

São muitas as referências ao universo que cerca as margens do rio São Francisco.

Cidades submerças , video de Wagner Moura

Painel de Lendas- ilustrações de Ronaldo
Pescaria, espaço interativo e de informação em cada peixe uma informação!

Garrafas com águas do rio e rótulos fictícios que homenageiam cidades e elementos presentes no Velho Chico

E, no final da exposição, na sala Nascente, uma lousa com traços iniciados por Ronaldo Fraga convida o visitante a desenhar suas impressões sobre o que acompanhou durante a visita.


De gota em gota se faz o mar - a nascente do Rio

Dedico a todos que conheceram, já provavaram as águas do São Francisco ou que ainda não provou!


1º de abril a 26 de junho de 2011

Pavilhão das Culturas Brasileiras
(próximo ao Museu Afro)
Parque do Ibirapuera
Entrada pelo portão 10
São Paulo / SP
Horário de entrada para visitação:
terça-feira a domingo, das 9h às 17h
(permitida permanência do local até as 18h)
Entrada gratuita



Fotos: Claudia Rosso

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