Ronaldo Fraga abriu o SPFW no espaço do Parque Villa Lobos, onde
apresentou a coleção outono/inverno 2013 na sua perspectiva cultural abordada
pela vida e obra do escritor Paulo Marques de Oliveira. O autor do "Ô fim
da cem, fim..." apresenta em seu livro registros feitos em um
universo particular que desenhos e letras se fundem com as experiências do que
viu, ouviu e aprendeu. Ronaldo que está com a exposição “Caderno de Roupas, Memórias e
Croquis” em BH, e lançando seu livro, arrematou esse tema a coleção. “Às vezes
nós escolhemos o tema; outras somos escolhidos por ele”, disse Ronaldo que foi
presenteado por 4 pessoas diferentes com a obra de Mestre Pedro Paulo!
Insuflado pelo universo do "Ô fim da cem, fim..." o estilista trouxe
à coleção os registros do autor! Um tema de um tempo hoje muito atual!
O
mineiro "astrofísico, teólogo e prefulgenciado" como o escritor
se auto define; autodidata, aprendeu a ler, escrever e desenhar sozinho.
Durante seus 86 anos vividos em Salinas o autor registrou de tudo um pouco como
culinária, astronomia e muito mais. O resultado da escrita surgiu durante
a guerra fria nos anos 50 onde o mundo esperava seu fim com a bomba atômica.
Escreveu o livro a fim de explicar e registrar os fundamentos do
mundo. Uma escrita paralela à escrita, resultado de seus caderninhos que
contam sua própria história. Muito bem acompanhada de minha
amiga Sandra Klinger Rocha, Tania Mills e Ivana Rocha Monteiro fomos apreciar
as obras dos mestres Ronaldo Fraga e Paulo Marques de Oliveira.
Na abertura belas mulheres de
make leve com tranças longas, deslizavam
na passarela onde a música entoava o canto que dizia - chega de foto, chega de
fato, tem meu espaço... Na primeira parte uma família de tecido preto
tipo cirrê, dando o efeito brilhante em peças como míni vestido com detalhes
de pesponto em branco com aspecto da costura dos cadernos de
brochura! Mesclado a esse tecido entrou uma família de veludo cotelê com peças
nada obvias como maxi colete de forma levemente arredondada
acompanhado de saia onde uma prega grande na frente parece uma dobradura,
casaquetos com recortes onde o efeito espinha de peixe esteve presente nas
mangas, acompanhados de calças de cintura alta mais secas nas pernas em off
white. Estampa gráfica em conjuntos de alfaiataria entraram com
shape amplo sem cavas e pregas em destaques. Vestido curto, maxi colete de
gola mandarim também de cotelê com calças de seda mais curtas e fluidas.
Nas peças de tom melancia o veludo entrou no paletó com forma
levemente arredondada de gola mandarim acompanhado de calças. Já os tecidos
transparentes são um capítulo á parte, ganharam bordados elaborados por Stella Guimarães onde traduzem os registros do escritor feitos em canetas
azul e vermelha. Vestidos maxi com tecido mais fluído cinza ganharam bordados
ricos em tons vermelho, e rosas com a prega frontal dando o movimento. A
estampa das casinhas de Salinas entrou ao som de violinos, trazendo maxi
paletós sem cavas com mangas raglãs, segunda pele em tule, saia e o vestido
também longo de cirrê, ambos com aplicações de arcos e pespontos brancos. Na
mesma entrada das casinhas de Salinas teve top com casaco acompanhado de calça
preta, míni vestido, blusas plissadas com mangas em
sequencia levemente drapeadas. Já a estampa de flores mescladas a formas
geométricas levou saias longas e vestidos fluidos para a passarela. O jacquard
de algodão ganhou a ilustração da obra de Paulo onde a transgressão é o sentido
da razão com vestidos curtos, conjuntos de calça e top de gola alta manga
3/4, míni vestido com mangas largas trazendo recortes frontais, vestido
longo onde pregas se sobre põem em camadas como dobraduras e finalmente
conjunto de paletó levemente arredondado com manga japonesa e gola
mandarim. O tricô foi show a parte ao fundo de La Vie En Rose com peças
em malha tricotadas em cores fortes de pontos grossos formando maxi pulls com
golas altas, também teve uma versão de vestido longo e uma pelerine. A página
estampada "Este livro, É, Luz Do Mundo" trouxe dois tipos de tecidos
um mais leve transparente e outro mais pesado em modelos elaborados com camadas
e jogos de recortes. Destaque para o modelo de top que parecia feito de papel
com tecido de fundo claro estampado em camadas como folhas do livro. Camadas de
folhas dobradas entraram em um vestido do mesmo tecido anterior. Finalmente
entra um tecido translúcido com míni estampa todo recortado com dobraduras do
manuscrito. Um trabalho de texturas em tecidos como shantung, linho, seda,
veludo, tule e jacquard de algodão. A cartela de cores foi do Off white, para o
cinza, tons de rosas, vermelho, azul carbono, roxo, berinjela e turquesa ao
preto. Nos acessórios: óculos desenvolvidos
pela Chilli Beans com dois modelos um gatinho e outro sendo unissex de lentes
quadradas. O diferencial ficou por conta das listas verticais, presentes em toda
a extensão das peças. Os sapatos pontiagudos com desenvolvidos por Virgínia Barros. O styling ficou por conta de Daniel Ueda foi o
top do top.
Paulo Marques registra em seus
cadernos o seu universo social e contexto cultural em forma única e
graficamente rica. Sob muitos aspectos se aproxima do olhar de Arthur Bispo de
Rosário e do Profeta Gentileza como descreve Ronaldo Fraga. Finalizando esse desfile mais que poético onde o
estilista me da a passagem a um outro plano como o filme "Paris a meia
noite". Eu diria "Salinas Gerais ao meio dia". Nada mais a escrever, pois é o
Fim do Cem Fim...
Veja as fotos:
Fotos:Claudia Rosso
Rafael Cañas/Zé Takahashi/Marcelo Soubhia/Ag.Fotosite
Clara Eloisa Ungaretti,Élcio Paraiso,Sandra Klinger Rocha
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